A luz montagem propõe uma aproximação entre o cinema e o teatro. O eixo principal deste movimento são os mecanismos de iluminação cênica, no teatro, e de montagem, no cinema. O movimento busca uma analogia entre estas duas ferramentas, analisando formas como são utilizadas em seus específicos veículos. O ponto de partida são observações realizadas quando da encenação da peça Sangue bom, da Cia. PeQuod de Teatro. Estas trouxeram a percepção que o resultado final da cena trazia consigo um componente cinemático que fazia com que o espectador, sentado em sua poltrona teatral, tivesse por vezes a sensação de estar diante de um filme. A um breve histórico da Cia. PeQuod e sua relação com o cinema e uma análise mais específica da maneira como a iluminação foi utilizada em Sangue Bom, aqui pensada como uma representante do drama teatral, se contrapõem uma avaliação da montagem num filme que representa o cinema clássico narrativo americano, de fundamentos similares ao mesmo drama. O filme escolhido é Drácula de Bram Stoker do norte americano Francis Ford Coppola pois trata, grosso modo, da mesma história da peça: um triângulo amoroso entre vampiro, mocinha e caçador de vampiros. Daí vem um aprofundamento nas estruturas de organização do tempo e do espaço no drama teatral e na narrativa clássica cinematográfica. Paralelismos e antagonismos são trazidos à tona para revelar quais analogias entre iluminação cênica e edição cinematográfica se fazem pertinentes. Tal mergulho leva ainda ao entendimento de outras possibilidades para a criação e construção com tais ferramentas que acabam por ser puxadas ao primeiro plano. A ideia de fragmentação se descortina como balizadora da analogia proposta. Como ela percorreu fortemente todo o século XX influenciando sua produção imagética acaba também por perpassar a conclusão deste livro.